domingo, 10 de julho de 2022

Soneto de amor da hora triste

Rapariga que passas perguntando

talvez por mim

se a nossa pátria eu quis mais livre para ti

e se por ela me perdi


tu que por nós andas há séculos chorando

deixa correr na tua face

como se fosse a própria pátria que chorasse

uma lágrima por mim.


Agora que me vou

com  mil punhais no pensamento

e um pedaço de terra portuguesa


tu que não sabes quem eu sou

veste o teu rosto de tristeza

e em segredo por mim acende lágrimas no vento.


ALEGRE, Manuel, Praça da Canção, Lisboa, 5.ª edição, D, Quixote, 2015, p. 93.

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