Andar contigo como quem vai sem ir
Como quem está sem estar
O meu corpo sentado no teu movimento
Já sou onde estive já estou
Onde vou por ti
Sem andar, correr, sou quem está a ir.
Vejo o perto com o longe na cabeça. Em ti
Não há perda possível
O desastre é a utopia móvel.
Todo o desejo é por si só fantasma
Os vidros sobem na catedral minúscula
E os arcos de ar envolvem de sagrado o negro do meu rosto.
Parado salto de pensamento para pensamento
Com as mãos atadas à vista
O sexo não me ofende a viagem.
Pensar não me conduz a nada
Só tu
És branco por fora e escuro no meu transporte.
(...)
CARVALHO, Armando Silva, O País das minhas vísceras, s.-l., Língua Morta, 2021, p. 361
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