quinta-feira, 13 de junho de 2024

Ao procurar-te, Amor

Por toda a liberdade autêntica sumida

na noite de uns tempos que jamais houve, e errado é lamentá-los,

por toda a liberdade, a que do horizonte avança,

como um soluço inadiável exigindo lágrimas

e uma divisão tão vasta que me apagarei,

é preciso que eu me perca entre muitos outros,

que ninguém me conheça, que ninguém me veja,

ao procurar-te, Amor, cansadamente,

à luz terrível de saber que me esqueço

do teu rosto, do teu nome, do teu corpo eterno.


SENA, Jorge de,  A derradeira visitaCoroa da Terra, Assírio e Alvim, 2021, p. 56.

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