Eu punha no teu lábio a nota quente,
A música vibrante dos desejos,
Poisava-te no colo branco, ardente,
O poema rendilhado dos meus beijos.
Ao íntimo contacto desses beijos,
Erguia-se em volutas de serpente
A curva delicada, alvinitente,
Das tuas formas, trémulas de pejos.
Senti então, alucinado e mudo,
O elo dos teus braços de veludo
Cingir-me contra a carne feiticeira.
E sobre o véus de gaze delicado,
Murchavam na capela doo noivado
Os albentes botões da laranjeira...
Augusto Gil - Obra Poética, 1.º vol., Lisboa, Círculo de Leitores, 1983, p. 16.
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