quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Amanhã, meu amor

Amanhã, meu amor, já não terás de ver nos meus olhos

o reflexo das velas cansadas da viagens; nem das aves

que sobrevoaram o cais, mas, por descrerem do verão,

desistiram de perseguir os barcos que se foram a um país

de sol. E não terás também de ver as minhas lágrimas, porque

uma mão maior virá cerrar-me as pálpebras para esconder

deste mundo que a morte nunca chega para quem ama.


PEDREIRA, Maria do Rosário, Poesia reunida, Lisboa, Quetzal, 2012, p.113.

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