segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Esperar-te

 A verdade é que eu já não tinha idade

(nem palavras) para esperar-te,

começava a fazer-se muito tarde

e morria sozinho sem ninguém com quem falar de


mim. Os sonhos da infância

vagueavam inúteis pelos cantos

e eu transformava-me entretanto

em algo parecido com eles, da mesma susbstância.


PINA, Manuel António, Todas as palavras - poesia reunida, Porto, Assírio e Alvim, 2012, p. 170.

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