sábado, 25 de março de 2023

O preço é ser indiferente

O preço é ser indif'rente:

Bebi em todas as fontes

Por conchas de carne viva!

Bebi em todas as fontes

De sangue e de náuseas ardente

Vidas que levo à deriva...

 

Cinzentos são os meus dias

Que já nascem revelados

Sem surpresas nem amor!

Cinzentos são os meus dias,

Cinzentos, impuros fados

Sem alegria nem dor!...

 

RODRIGUES, Urbano Tavares, Poesia - Horas de vidro, Alfragide, Publicações D. Quixote, 2010,  p.29

Chuva na areia

Terça-feira,

quarta-feira,

quinta,

sexta,

tanto faz.

Ou desta ou doutra maneira,

domingo ou segunda-feira,

nenhuma esperança me traz.



Que eu nem sei bem pelo que espero.

Se aprender o que não sei,

se esquecer o que aprendi,

se impor meu sou e meu quero,

se, num ti que eu inventei,

nenúfares boiar em ti


Que esta coisa que se espera

é no dobrar de uma esquina.

Um clarão que dilacera,

a explosão de uma cratera,

vida, ou morte, repentina.



GEDEÃO, António, Poemas, Lisboa,  Palavrão Associação Cultural, 2015, p.42

quarta-feira, 22 de março de 2023

Espelho de duas faces

Ajuda-me a esquecer as tuas faltas

e a ignorar os teus crimes

para melhor te amar.

Dá-me a febre em que te exaltas

e o que nos olhos exprimes

quando não sabes falar.


Espelho de duas faces, plana e curva:

és, e não és.

Imagem dupla, ora límpida, ora turva,

numa te afirmas, noutra te negas, em ambas te crês.


Queria sentir-te em outros sentidos.

Queria ver-te sem olhos e ouvir-te sem ouvidos.

E queria as tuas mãos numa aleluia fraterna.

Essas mãos que ainda ontem, de manhã, aturdidas,

com duas varas secas e folhas resequidas

arrepiaram de luz    

as sombras da caverna.


GEDEÃO, António, Poemas, Lisboa,  Palavrão Associação Cultural, 2015, p. 32.

terça-feira, 21 de março de 2023

Primavera

Não te importes se a primavera chegar

e não tiveres nada mais para dizer

a não ser o que escreves nos recados que ficam

nos pequeninos pedaços de papel amarelo


Não te importes se a primavera chegar

e só puderes ouvir o canto dos pardais


Não te importes se eu não disser mais nada

porque afinal a vida esconde e nós o infinito

lá onde acordamos entre os espelhos


Aprendemos a não ter medo

e a ubíqua excentricidade dos heróis


É este o despertar

As raízes de fogo jamais dirão

o que o sistema planetário esconde

e reservou para nós


PIMENTA, José António, Deixa entrar a noite na palavra, Coimbra, MinervaCoimbra, 2019, p. 44.

segunda-feira, 20 de março de 2023

sexta-feira, 17 de março de 2023

Pode não parecer mas são Cats


 Campo Pequeno, 16 de Fevereiro 

Forma de inocência

Hei-de morrer inocente

exactamente como nasci.

Sem nunca ter descoberto

o que há de falso ou de certo

no que vi

(....)


GEDEÃO, António, Poemas, Lisboa,  Palavrão Associação Cultural, 2015, p. 28.

Charles De Gaulle


Charles de Gaulle (1890-1970) foi um general e político francês. Um dos comandantes aliados na Segunda Guerra Mundial e um dos principais estadistas do pós-guerra.

Charles André Marie Joseph de Gaulle nasceu em Lille, França, no dia 22 de novembro de 1890. Filho de Henri de Gaulle, professor de filosofia e literatura e de Jeanne Maillot, filha de ricos empresários de Lille.

No início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), já feito coronel em 1937, comandava a IV divisão blindada. Em 17 de maio de1940, deteve o avanço alemão em Montcornet  e Abbeville em 28 de maio.

No mesmo mês, foi nomeado general de brigada e designado subsecretário de guerra pelo primeiro ministro Paul Reynaud.

Ainda em 1940, os alemães derrotaram os franceses e tomaram a França. De Gaulle fugiu para a Inglaterra, e de Londres mandava mensagens de rádio para que o povo francês continuasse com a resistência.

Como líder do movimento França Livre e presidente do Comitê Francês de Libertação Nacional, tornou-se o representante da resistência à ocupação alemã. Em agosto de1944, entra em Paris libertada. Em 13 de novembro é nomeado presidente do governo provisório pela Assembleia Constituinte e restabelece a autoridade do poder central.

FONTE: https://www.ebiografia.com/charles_gaulle/

Descendo ao Rossio






 ÉVORA