quarta-feira, 29 de março de 2023
segunda-feira, 27 de março de 2023
sábado, 25 de março de 2023
O preço é ser indiferente
O preço é ser indif'rente:
Bebi em todas as fontes
Por conchas de carne viva!
Bebi em todas as fontes
De sangue e de náuseas ardente
Vidas que levo à deriva...
Cinzentos são os meus dias
Que já nascem revelados
Sem surpresas nem amor!
Cinzentos são os meus dias,
Cinzentos, impuros fados
Sem alegria nem dor!...
RODRIGUES, Urbano Tavares, Poesia - Horas de vidro, Alfragide, Publicações D. Quixote, 2010, p.29
Chuva na areia
Terça-feira,
quarta-feira,
quinta,
sexta,
tanto faz.
Ou desta ou doutra maneira,
domingo ou segunda-feira,
nenhuma esperança me traz.
Que eu nem sei bem pelo que espero.
Se aprender o que não sei,
se esquecer o que aprendi,
se impor meu sou e meu quero,
se, num ti que eu inventei,
nenúfares boiar em ti
Que esta coisa que se espera
é no dobrar de uma esquina.
Um clarão que dilacera,
a explosão de uma cratera,
vida, ou morte, repentina.
GEDEÃO, António, Poemas, Lisboa, Palavrão Associação Cultural, 2015, p.42
sexta-feira, 24 de março de 2023
quinta-feira, 23 de março de 2023
quarta-feira, 22 de março de 2023
Espelho de duas faces
Ajuda-me a esquecer as tuas faltas
e a ignorar os teus crimes
para melhor te amar.
Dá-me a febre em que te exaltas
e o que nos olhos exprimes
quando não sabes falar.
Espelho de duas faces, plana e curva:
és, e não és.
Imagem dupla, ora límpida, ora turva,
numa te afirmas, noutra te negas, em ambas te crês.
Queria sentir-te em outros sentidos.
Queria ver-te sem olhos e ouvir-te sem ouvidos.
E queria as tuas mãos numa aleluia fraterna.
Essas mãos que ainda ontem, de manhã, aturdidas,
com duas varas secas e folhas resequidas
arrepiaram de luz
as sombras da caverna.
GEDEÃO, António, Poemas, Lisboa, Palavrão Associação Cultural, 2015, p. 32.
terça-feira, 21 de março de 2023
Primavera
Não te importes se a primavera chegar
e não tiveres nada mais para dizer
a não ser o que escreves nos recados que ficam
nos pequeninos pedaços de papel amarelo
Não te importes se a primavera chegar
e só puderes ouvir o canto dos pardais
Não te importes se eu não disser mais nada
porque afinal a vida esconde e nós o infinito
lá onde acordamos entre os espelhos
Aprendemos a não ter medo
e a ubíqua excentricidade dos heróis
É este o despertar
As raízes de fogo jamais dirão
o que o sistema planetário esconde
e reservou para nós
PIMENTA, José António, Deixa entrar a noite na palavra, Coimbra, MinervaCoimbra, 2019, p. 44.
segunda-feira, 20 de março de 2023
sábado, 18 de março de 2023
sexta-feira, 17 de março de 2023
Forma de inocência
Hei-de morrer inocente
exactamente como nasci.
Sem nunca ter descoberto
o que há de falso ou de certo
no que vi
(....)
GEDEÃO, António, Poemas, Lisboa, Palavrão Associação Cultural, 2015, p. 28.
Charles De Gaulle
Charles de Gaulle (1890-1970) foi um general e político francês. Um dos comandantes aliados na Segunda Guerra Mundial e um dos principais estadistas do pós-guerra.
Charles André Marie Joseph de Gaulle nasceu em Lille, França, no dia 22 de novembro de 1890. Filho de Henri de Gaulle, professor de filosofia e literatura e de Jeanne Maillot, filha de ricos empresários de Lille.
No início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), já feito coronel em 1937, comandava a IV divisão blindada. Em 17 de maio de1940, deteve o avanço alemão em Montcornet e Abbeville em 28 de maio.
No mesmo mês, foi nomeado general de brigada e designado subsecretário de guerra pelo primeiro ministro Paul Reynaud.
Ainda em 1940, os alemães derrotaram os franceses e tomaram a França. De Gaulle fugiu para a Inglaterra, e de Londres mandava mensagens de rádio para que o povo francês continuasse com a resistência.
Como líder do movimento França Livre e presidente do Comitê Francês de Libertação Nacional, tornou-se o representante da resistência à ocupação alemã. Em agosto de1944, entra em Paris libertada. Em 13 de novembro é nomeado presidente do governo provisório pela Assembleia Constituinte e restabelece a autoridade do poder central.