Mulheres do Alentejo
com papoilas nos olhos
são primaveras erguidas
contra os bastões contra as balas
oculto o rosto
seus negros chapéus descidos
frente ao sol
o claro choro nas mãos
com bagos de amanhã.
São cor de terra
cor do trabalho
cor da habituação à dor.
Nossa Pátria do sofrimento
e do valor
meu sinal de luz
em toda a palavra que escrevo
meu território do regresso e do futuro
minha praia de secura
percorrida pelo ódio e pelo pânico
Eis o ardente povo torturado
esperança viva de um sonho feito carne
mulheres searas fontes azinheiras
nossa esperança, ainda em flor e fruto
no vermelho das feridas deste País de Abril.
RODRIGUES, Urbano Tavares, Poesia - Horas de vidro, Alfragide, Publicações D. Quixote, 2010, pp. 36-37
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