A liberdade, que às vezes se confunde com o orgulho, é o valor que mais prezo. Leio nos olhos de qualquer pessoa se é livre ou não é. A maior parte vive sempre de cabeça curvada perante alguém; outros há que vivem a pedir perdão de existir aos que os rodeiam.. Sei quando estou perante um igual, alguém que é naturalmente livre. Dificilmente se aprende a sê-lo, mas pode conseguir-se.
É evidente que, para circularmos no território das práticas sociais, há que respeitar um mínimo de convenções. E fazer com segurança e limpeza o trabalho que nos cabe. Mas não tenho a menor dedicação à empresa que me paga. Limito-me a cumprir, faço sempre o melhor que sei por respeito por mim próprio e para me ver livre desse fardo.
RODRIGUES, Urbano Tavares, Prosa - O Eterno Efémero, Alfragide, Publicações D. Quixote, 2011, pp. 118-119.
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