A Fábrica de Faianças das Caldas da Rainhanasceu do sonho de Rafael, acalentado pelo amigo de longa data, Ramalho Ortigão, e pela irmã Maria Augusta. O terreno (80.000 m) foi comprado por dois contos de reis e nele existiam 2 nascentes de água e 2 barreiros que serviriam de matéria prima ao fabrico de tijolos, telhas e louça artística.
A escritura da fábrica, sociedade anónima de responsabilidade limitada, foi assinada a 30 de Junho de 1884 e Rafael entregou-se de corpo e alma ao plano arquitectónico das instalações. O resultado foi um pavilhão de dois andares com dois corpos laterais de pavimentos térreos, destinados a aulas e depósito de louça cercado dum parque ajardinado e arborizado, e um grande edíficio de um só pavilhão onde estavam instaladas máquinas e oficinas para além de três fornos. Para além de um grande pavilhão para venda e armazenamento dos produtos acabados.
Tinha como objectivo «explorar a indústria cerâmica no ramo especial das faianças», e propunha-se lançar no mercado, além de produtos de cerâmica ornamental e de revestimento e louça do tipo que se cultivava nas Caldas «objectos da mais fina faiança estampados com gravuras originais para usos ordinários, e louça ordinária para os usos das classes menos abastadas».
Em 1885, Ramalho Ortigão fazia a seguinte descrição da fábrica: "Uma máquina a vapor de 25 cavalos de força com caldeira tubular de Danayer, reparte o movimento em trabalho contínuo por todas as secções desta olaria modelo. O barro principia por entrar no pilão; passa consecutivamente aos cruos; percorre os tanques, em que uma máquina eléctrica de Fauce de Limoges, depura a massa, extraindo-lhe pelo imã todos os resíduos metálicos; é novamente batido, amassado mecanicamente, reduzido à mais perfeita plasticidade; e acaba por sair às talhadas, subdividido em pães, para ser trabalhado na roda ou no torno. Os tornos e as rodas são igualmente movidos a vapor, correspondendo uma correia de transmissão a cada grupo de oleiros. Mesas circulares, tendo no oco do centro o lugar do monitor ou contramestre, são destinadas aos escultores, aos louceiros formistas e aos pintores vidreiros. As prensas de estampagem ocupam uma casa especial devidamente aquecidas a vapor. A fábrica tem ainda 2 moinhos para vidro, 4 moinhos para tintas, uma galga, 7 fornos para tijolo e telha, 3 fornos para louça artística, dois grandes e magníficos fornos de Minton para a louça de pó de pedra, 1 forno de calcinação e uma mufla."
A produção da fábrica engloba azulejaria, peças decorativas e utilitárias, onde a Arte Nova se manifesta singularmente, e uma galeria de personagens da sociedade portuguesa características do final do séc. XIX. Seguiram-se diversas exposições nas salas do Comércio de Portugal (1886), no Ateneu Comercial do Porto e na Exposição Industrial de Lisboa (1888), na Exposição Universal de Paris (1889/1890), Antuérpia e Espanha (1895) e Estados Unidos da América (1905).
Seguiram-se diversas exposições nas salas do Comércio de Portugal (1886), no Ateneu Comercial do Porto e na Exposição Industrial de Lisboa (1888), na Exposição Universal de Paris (1889/1890), Antuérpia e Espanha (1895) e Estados Unidos da América (1905). Mas a grave crise financeira da fábrica levou à falência em 1907 e à venda em hasta pública por 7.600$00.
Em 1908 Manuel Gustavo, prosseguindo o trabalho do pai, funda a Fábrica de San Rafael e assume a sua direcção. A fábrica, ainda em funcionamento, o Museu de José Malhoa e o Museu de Cerâmica são paragem obrigatória nas Caldas da Rainha.
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