Eu queria ser o Mar ingente e forte
O mar enorme, a vastidão imensa...
Eu queria ser a árvore que não pensa
Que ri do mundo vão e até da morte...
Eu queria ser o Sol, irmão do Mar
O bem do que é humildae e pobrezinho...
Eu queria ser a pedra do caminho
Que não sofre a tortura do pensar...
Mas o Mar também chora de tristeza,
E a árvore também como quem reza
Levanta aos céus os braços como um crente!
E o Sol cheio de mágoa ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia,
E as pedras, essas, pisa-as toda a gente...
Florbela Espanca
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