Adozites
Com tempo seco que maravilha
Podestepôr em cima da ausenda
Que descobre a virilha
Mesmo que não esteja à venda
Vem a meu peito
Que eu vou gritar
Serás eleito
No ultramar e ar
Carapaus fri tus tus tus calotes
Soma um minuto e pronto bofetadas
Uma ideia vestida de escadotes
Sobre o cavalo a trote e a galopes
São horas de dormir bem mastigadas
Para além dos teus olhos
Cinco dedos alvos
E presos aos molhos
Objectos calvos
Um neo-realista diz que sim
Mas tuas lantejoulas dizem não
Alacremenete como um sonoro trrim
No fundo do púcaro de alcatrão
Bem dizes ai
Com pulmõezites
Ó chirivai
Tocando apites
Ai caravelas pelo mar fundo
Tragam uivos de areia aos pirilampos
Cabazes de olhos de moribundo
E sumos de uva nos relampos
Ventoinhas que tendes vós?
Soluçozinhos de terciopelo
Já o mesmo dizia a minha avós
Hás-de-me cortar o cabelo
E se tudo isto não te puder ver
Faz um buraco e conta-lhe o resto
Se for muitíssimo indigesto
Verificarás que está a chover
De mim para ti
De ti para mim
Ófeguiderzin
CESARINY, Mário, Primavera autónoma das estradas, Assírio & Alvim, 2.a edição, 2017, pp. 41-42
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