quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Poesia de Cesariny

Adozites

Com tempo seco que maravilha

Podestepôr em cima da ausenda

Que descobre a virilha

Mesmo que não esteja à venda

 

Vem a meu peito

Que eu vou gritar

Serás eleito

No ultramar e ar

 

Carapaus fri tus tus tus calotes

Soma um minuto e pronto bofetadas

Uma ideia vestida de escadotes

Sobre o cavalo a trote e a galopes

São horas de dormir bem mastigadas

 

Para além dos teus olhos

Cinco dedos alvos

E presos aos molhos

Objectos calvos

 

Um neo-realista diz que sim

Mas tuas lantejoulas dizem não

Alacremenete como um sonoro trrim

No fundo do púcaro de alcatrão

 

Bem dizes ai

Com pulmõezites

Ó chirivai

Tocando apites

 

Ai caravelas pelo mar fundo

Tragam uivos de areia aos pirilampos

Cabazes de olhos de moribundo

E sumos de uva nos relampos

 

Ventoinhas que tendes vós?

Soluçozinhos de terciopelo

Já o mesmo dizia a minha avós

Hás-de-me cortar o cabelo

 

E se tudo isto não te puder ver

Faz um buraco e conta-lhe o resto

Se for muitíssimo indigesto

Verificarás que está a chover

 

De mim para ti

De ti para mim

Ófeguiderzin

 

CESARINY, Mário, Primavera autónoma das estradas, Assírio & Alvim, 2.a edição, 2017, pp. 41-42

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