Nesta cadeira me sento,
e nela que me apresento,
mas menos do que me ausento.
tento, lamento, avelhento,
aqui me invento e rebento;
passo gordura de unguento
e alimento o alento
da vida de sono e pão.
Desta cadeira prossigo
para um outro nó pascigo,
já sem perigo nem abrigo,
amigo como inimigo,
com meu já perdido umbigo
de só nascer por castigo:
ali de vez eu te irrigo,
cintilante coração.
TAMEN, Pedro, Memória Indescritível, Lisboa, Gótica, 2000, p. 14.
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