Noite de sonho voada
cingida por músculos de aço
profunda distância rouca
da palavra estrangulada
pela boca amordaçada
noutra boca
ondas do ondear revolto
das ondas do corpo dela
tão dominado e tão solto
tão vencedor, tão vencido
e tão rebelde ao breve espaço
consentido
nesta angústia renovada
de encerrar
fechar
esmagar
o reluzir de uma estrela
num abraço
e a ternura deslumbrada
a doce funda alegria
noite de sonhos voada
que pelos sei olhos sorria
ao romper de madrugada:
- Ó meu amor, já é dia!...
FONSECA, Manuel, Obra poética, Alfragide, Caminho 11.ª ed., 2011, p.176.
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