quarta-feira, 29 de maio de 2024

Esperar, não esperar

Portimão 



Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima,

Começam chegando os primitivos da espera,
Já ao longe o paquete de África se avoluma e esclarece.
Vim para aqui para não esperar ninguém,
Para ver os outros esperar,
Para ser a esperança de todos os outros.



Trago um grande cansaço de ser tanta coisa.

Álvaro de Campos 
PESSOA, Fernando, Tenho medo de partir - um livro de viagens, Lisboa, Guerra e Paz, 2018, p.87

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