terça-feira, 21 de maio de 2024

Não me esqueças



Uma estação para o amor feroz,
O arco reluzente em torno de ténues
Fios de sombra:
Não os esqueças 
(....)
O areal tardio onde abandonámos
A língua que estiliza a fala,
Ainda sem confins ou iminências para olhos cansados.
Alguns avanços e abundantes 
Os tropeços e amparos,
Levitações que acertaram ao lado o batimento
Dos nossos corações transitórios.
E portanto - não te esqueças:
Sempre certo o sobressalto, a espantosa avaria 
Nesses pequenos órgãos
De saldar permanências.

 TAVARES, Paulo, Não me esqueçasÓrbitas, Porto, Assírio e Alvim, 2023, p. 67.



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