Não consigo ver desabrochar uma folha, uma pétala, por mais que espere, imóvel, na sua frente. E no entanto, se saio pela manhã e volto pela tarde, acontece que se registou um movimento. A folha desabrochou, a flor abriu, o ramo fica mais espesso. Porque não se manifestam diante de mim? Porque se escondem os movimentos das árvores? E por que razão não agimos nós pelo mesmo ritmo e não aprendemos com elas a ser lentas, a ter vagar, a viver tranquilas, se é o que parece?
JORGE, Lídia, Em todos os sentidos, Alfragide, 2.ª edição, Publicações D. Quixote, 202015
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