O amor já não é o que era
concluíu apressadamente o senhor Couto
vindo à tona do sonho de que o poema é feito.
O amor já não é o que era
repete-me a árvore roçagando
hora e horas, entre as folhas perdendo
um qualquer coisa que se juntasse a ela
e a ela acrescentasse uma qualquer lembrança
do que fosse o amor quando era o que era.
Sabe o senhor Couto que não ser o que foi
é tão fatal com ele como com o sentimento
de que avança a falar como se o sentisse?
TAMEN, Pedro, Memória Indescritível, Lisboa, Gótica, 2000, p. 26.
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