Respiro. Respiro ainda. Expiro,
inspiro - e és tu que vagas
no ar que me alimenta, e jogas
o tico-tico surdo que retiro
do dia que terei, e que iluminas
com a luz evidente em que te amo.
O som que ainda ouves, com que chamo
a certeza que não há, mais do que as sinas
que o deus-dará dará ou não dará,
esse é a música, só ela, é a perfeita
que me faz respirar e passará
o negro mau ruído, a porta estreita
ela mesma fechada, e o alvará
da passagem à vida que me espreita.
TANEM, Pedro, Rua de nenhures, Alfragide Publicações D. Quixote, 2013, p. 63.
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