sábado, 4 de junho de 2022

Eram campos



Eram campos campos campos

abertos de humanidade
era um vento que rasgava
apenas a claridade.

eram palavras jorrando
de um olhar de escaravelho
era um homem inventando
a grandeza de ser velho.

era terra fome sede
urze tojo ripo vinho
alcateia e almocreve
alfazema e rosmaninho.

era um fogo aprisionado
um explosão e romãs.
Era um menino alumbrado
entre as pernas da manhã.


SANTOS, Ary dos, Retrato de Manuel da Fonseca, Vinte anos de poesia, Lisboa, Círculo de Leitores, 1984, p. 123.

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