quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Heroísmos

Eu temo muito o mar, o mar enorme,

Solene, enraivecido, turbulento,

Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;

O mar sublime, o mar que nunca dorme.

 


Eu temo o largo mar, rebelde. Informe,

De vítimas famélico, sedento,

E creio ouvir em cada seu lamento

Os ruídos dum túmulo disforme.

 

VERDE, Cesário, Cânticos do Realismo e outros poemas – 32 cartas, Lisboa, Círculo de Leitores, 2005, p. 70.

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