Nada é sequer definitivo. Olho o longe e
sei que não permanecem sequer os grandes
versos, feitos de montes e de nunca. Este
aquilo, dito por muitas palavras, envelhece.
Morremos pelo nosso país, desportugueses,
e ressuscitamos demasiado. Amanhã, um dia,
quando esperarmos a devastação, teremos
apenas esperança e nada absolutamente mais.
Camões é uma atracção como o bem e o
mal. Fernando Pessoa é um homem doente
que empurramos nos transportes públicos.
Eu e nós sabemos que o oceano mudou de
nome quase. Deixámos de possuí-lo, nunca o
posssuímos e foi nosso, meu e nosso, sempre.
PEIXOTO, José Luís, Gaveta de papéis, 2.ª edição, Quetzal, 2011, p. 23.
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