Évora
Esta é a hora do esplendor.
Abram todas as janelas brancas.
As árvores estão noivas das suas sombras
e vão começar a caminhar
ao som de marchas e de palmas.
O amor que ninguém inventou
na Terra une o que o Céu ignora.
Esta é a hora do esplendor.
Toda a dor tem o seu penso rápido
e atá-la, e nós vamos, vamos
pela senda das árvores, como elas
de braços levantados, na hora
do noivado que ficou à sua espera.
Tudo isto aconteceu no tempo
da Primavera da rapariga ainda
não amada.
JORGE, Lídia, O Livro das tréguas, Lisboa, D. Quixote, 2019, p. 36.
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