sábado, 22 de janeiro de 2022

O seu esplendor

Évora 

Esta é a hora do esplendor.

Abram todas as janelas brancas.


As árvores estão noivas das suas sombras

e vão começar a caminhar

ao som de marchas e de palmas.


O amor que ninguém inventou

na Terra une o que o Céu ignora.


Esta é a hora do esplendor.


Toda a dor tem o seu penso rápido

e atá-la, e nós vamos, vamos

pela senda das árvores, como elas

de braços levantados, na hora

do noivado que ficou à sua espera.

Tudo isto aconteceu no tempo

da Primavera da rapariga ainda

não amada.


JORGE, Lídia, O Livro das tréguas, Lisboa, D. Quixote, 2019, p. 36.

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