(…)
Eu amo esta mulher que vem ao meu encontro
nas manhãs mais puras, nas manhãs em que o vento
atravessa os bosques, nas manhãs em que uma chuva
lenta se converte em música de maré quando
a sua boca me humedece com o seu desejo. E eu viajo
na praia da sua pele, provando o sal o suor
das suas axilas, e ouvindo a sua respiração
descer sobre mim para me dar o brando furor
de todos os sentidos, e e me abrir o caminho
das suas coxas até ao centro do mundo.
Esta, a mulher que eu desejo, tem nas suas mãos
a arte da tocadora de uma harpa de asas, e eu voo
com ela num vagar do lume que o seu corpo acende.
JÚDICE, Nuno, Novo Retrato, Regresso a um cenário campestre, Lisboa, D. Quixote, 2020, pp. 66-67.
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