Quem sabe separa o cinzento do cinza.
laranja do amarelo, o roxo do azulado, carmim
do que dizem vermelho, enfim.
todas as nuances,
para mim é um meticuloso, um perito, quase um cientista,
eu que sei que sou daltónico, praticamente
desde que me conheço.
As cores têm muito a ver com a natureza da vida
de cada um de nós, e com a vida da natureza
sem nenhum de nós, todos nós sabemos.
Não pretendo ser autor naturalista, mem pintor de domingo, o que quase aconteceu.
fique o leitor sabendo.
Mas doem-me as cores que não sei entender,
o choro dalgumas rosas que talvez gostassem de ser brancas
e que o dizem, em crítica, que têm o amarelado
do ciúme.
(...)
CARVALHO, Armando Silva, O País das minhas vísceras, s.-l., Língua Morta, 2021, p. 451.
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