É preciso saber porque se é triste
é preciso dizer esta tristeza
que nós calamos tantas vezes mas existe
tão inútil em nós tão portuguesa.
É preciso dizê-la é preciso despi-la
é preciso matá-la perguntando
porquê essa tristeza como e quando
e porquê tão submissa tão tranquila.
Esta tristeza que nos prende em sua teia
esta tristeza aranha esta negra tristeza
que não nos mata nem nos incendeia
antes em nós semeia esta vileza
e envenena ao nascer qualquer ideia.
É preciso matar esta tristeza.
ALEGRE, Manuel, Praça da Canção,Lisboa, 5.ª edição, D, Quixote, 2015, p. 148
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