acerados sinais para o desejo,
os bicos do teu peito, quando os mordo,
já me desliza a mão noutro rebordo
e cheiro, provo, apalpo, escuto e vejo
entre o prazer e a sombra algum lampejo,
tropel de sensações em desacordo,
espuma que se forma e corre ao pôr do
sol e ao nascer do sol em cada beijo,
enquanto a tua língua me procura,
me percorre insistentemente e então, de leve,
refaz o seu caminho de saliva,
até que o cego ser se nos mistura
e o seu fulgor eterno, de tão breve,
faz com que nesse instante morra e viva.
MOURA, Vasco Graça, Laocoonte, rimas várias, andamentos graves, Quetzal Editores, 2005, p. 48.
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