os dias são tão frágeis
nas pétalas de sombra
que os tornam imperfeitos,
inconclusos, ásperos
e tão interrogados.
os deuses querem sempre
dos dias a oferenda
quando a luz é mais pálida
em tons de azul ou malva.
e quando a cor da cinza
começa a invadi-los,
prometem-nos em sonhos
a perfeição sonhada.
e entre o sonho e promessas
os dias não são nada,
só, entre desalento
e alento, a diferença
medida pelas flores
que vão murchando e a que
damos o nome de horas,
de modo a que vivamos
a medida de tantos
dias que são tão frágeis,
em pétalas de sombra
por isso mesmo belas.
vivamos, minha lésbia,
e amemos, assim seja
a tua pele de pétalas
de uns dias a corola.
mas quantos dias ouro?
MOURA, Vasco Graça, Laocoonte, rimas várias, andamentos graves, Quetzal Editores, 2005, p. 88-89.
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