terça-feira, 17 de maio de 2022

Nenhuma música


O gato olha-me

ou o meu olhar olhando-o?

E eu o que vejo senão

a mesma Única solidão?


Chamo-o pelo nome,

pela oposição.

Em vão:

sou eu quem responde.


Virou-se e saltou

para o parapeito

real e perfeito, sem nome e sem corpo

(Também eu estou,

como ele, morto).


PINA, Manuel António, Todas as palavras - poesia reunida, Porto, Assírio e Alvim, 2012, p. 209.

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