sábado, 29 de fevereiro de 2020

Como é que decidimos?

A vida tem alguns momentos estranhos, raros, em que nos vemos obrigados a decidir entre uma dor contínua e dificilmente suportável e outra imensa, mas breve. A escolha parece ser anterior a qualquer um de nós, pois é feita apesar de nós. Decidimos com o estômago, com o sangue, com as unhas, mas nunca com a cabeça.
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CRUZ, Afonso, Síndrome de diógenes, Uma dor tão desigual, Alfragide, Teorema, 2016, p 131.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Não fazer nada


Não fazer nada é uma questão de dedicação, não do número de pessoas. Valoriza-se a intensidade mais do que a quantidade.

ONDJAKI, Sonhos azuis pelas esquinas, Editorial Caminho, Alfragide, 2.ª edição, 2014, p.63.

Lonjuras indefinidas


Os Alentejanos, ainda assim, na sua maioria, não admiram muito o mar. Adoram as lonjuras indefinidas, é certo, mas enjoam as superfícies sem fundo. Olham o mar de esguelha, como quem desconfia que dali é que veio o drama da espécie humana.  

SILVA, Antunes da, Alentejo é sangue, Porto, 3.a edição, Livros Horizonte, 1984, p.254.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Velhice


A velhice é uma insónia:
Deitamo-nos
E quem dorme é a cama. 

COUTO, Mia, O tempo e seus suspiros, Idades cidades divindades – Poesia, 3.ª edição, Alfragide, Caminho, 2016, p. 24.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Rosa do meu quintal


Cemitério dos Animais



Jardim Zoológico de Lisboa

Baratas

Blattaria é uma subordem de insectos cujos representantes são popularmente conhecidos como baratas. É um grupo cosmopolita, sendo que algumas espécies (menos de 1%) são consideradas como sinantrópicas. Entre os principais problemas que as baratas podem ocasionar aos seres humanos está a sua atuação como vetores mecânicos de diversos patógenos (bactérias, fungos, protozoários, vermes e vírus). As baratas domésticas são responsáveis pela transmissão de várias doenças, através das patas e fezes pelos locais onde passam. Por isso são consideradas perigosas para a saúde dos seres humanos

Exploratório de Coimbra

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

O amor causa-me horror


O amor causa-me horror, é abandono
E sinto horror a abrir o ser a alguém.
A confiar n’alguém.
Abandonar-me em braços nus e belos
(inda que deles o amor viesse)
Seria violar meu ser profundo.
Pensar em dizer “amo-te”
E “amo-te” só – só isto me angustia…

Só a inocência e a ignorância são
Felizes, mas não o sabem.
PESSOA, Fernando, Fausto – leitura em 20 quadros, Lisboa, Relógio d’ Água Editores, 1994, p. 80.

O amor só se conserva quando a solidão de cada um dos dois é respeitada

BELO, Ruy, Na Margem da alegria - poemas escolhidos por Manuel Gusmão,  Assírio e Alvim, 2011, p. 152.

Tu és a praia



Tu és a praia
Que eu solicito
Tu és a raia
Deste infinito!

Se há uma gruta
Onde me esconda
À força bruta
Que traz a onda;

À força imensa
Desta corrente
De alma que pensa,
De alma que sente;

Se há uma vela,
Se há uma aragem,
Se há uma estrela,
Nesta viagem…

É quem eu amo,
É quem adoro,
E por quem chamo,
E por quem choro! 

DEUS, João de, Saudade, Poesia, Lisboa, Editorial Presença, 1998, p 36.