terça-feira, 22 de maio de 2018

Como há coisas sem idade nem tempo

... a grande literatura não tem idade nem tempo, é eterna e sempre moderna, no sentido em que, cem anos depois de um grande livro ter sido escrito, ele é tão actual como era então. E vice-versa, o que hoje é um grande livro acabado de publicar, sê-lo-ia também há cem anos.

TAVARES, Miguel Sousa, Não se encontra o que se procura, Lisboa, 2.ª edição, 2015, p. 257.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Morte




Após algumas semanas de silêncio, Francisco de Assis acrescenta simplesmente uma frase, uma frase deslumbrante, luz duma língua atada ao silêncio. Louvado sejas pela nossa irmã, a morte.
BOBIN, Christian, Francisco e o Pequenino, Braga, Editorial A.O., 2013, p.104.

O sofrimento

O sofrimento tem uma virtude. Ensina-nos a saborear os momentos mais felizes, ensina-nos a procurar a felicidade, afastando-nos dele. Ninguém quer sofrer, todos os homens e mulheres aspiram à felicidade. Ninguém quer sobreviver apenas à tragédia e à mágoa. O nosso pranto perante a morte daqueles que amámos não é suficiente para que a felicidade possa ser o outro lado do sofrimento. Assim como o amor não é o inverso do ódio, nem a paz a parte contrária da guerra. 

FLORES, Francisco Moita, Mataram o Sidónio!, Alfragide, Leya, 2014, pp. 286-287.

Como são breves os dias

Como são doces, mas breves, os dias passados pelos irmãos e pelas irmãs durante as suas juventudes, reunidos sob a égide de seus velhos parentes! A família do homem dura apenas um dia. O sopro divino dispersa-a como fumo. Mal se chegam a conhecer, os filhos aos pais, o pai aos filhos, a irmã ao irmão! O carvalho vê germinar as landes à sua volta, mas não acontece o mesmo aos filhos dos homens!

CHATEAUBRIAND, François, René, Atala - René, Lisboa, Editorial Verbo, 1972, p. 114.

domingo, 6 de maio de 2018

Amor de mãe




As mães amam os filhos de maneira insensanta. As mães não sabem amar senão desta maneira insensata. Têm os seus filhos no centro do mundo e têm o mundo no centro do seu coração.
BOBIN, Christian, Francisco e o Pequenino, Braga, Editorial A.O., 2013, pp.92-93.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

O antigo regime castrou a força moral dos Portugueses




É um acto assente que o antigo regime castrou a força moral dos Portugueses, moldou a sua sensibilidade num medo permanente. E , se quisermos passar a barreira da ignorância, para já, temos de  dar oportunidades aos outros, forçar o destino que nos manieta desde os Descobrimentos, e nos pôs nesta passiva obstinação de um sebastianismo ignóbil. 


SILVA, Antunes da, Suão, Livros Horizonte, Lisboa, 7.ª Edição, 1985, p. 138.