sexta-feira, 11 de abril de 2025

Nuvens

Portimão 



Não sei o que hei-de fazer com as nuvens. 

O que me dizem são passagens rápidas 

Sobre as cidades, e às vezes deixam chuva

Outras, sombras na paisagem.

JORGE, Lídia, O Livro das tréguas, Lisboa, Edições D. Quixote, 2019, p. 18.

Casinhas cada vez mais raras

Rua Infante D. Henrique 


 Portimão 

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Gatos



Não têm qualquer mistério, os gatos 

Somente o olhar um pouco profundo 

Deixando apenas decifrar nas suas formas 

O pardo movimento da sua quietude


pulsam a vida viva contra o coração da casa

respirando o ar do coração do mundo


invadem-nos os sonhos noite adentro

e como pequeninos deuses desocupados 

constroem-nos palavras na boca até amanhecer:


As que nunca diremos pela manhã 


ensinam-nos a arte do silêncio 

e da gratidão.


RIBEIRO, Rui Casal, Escrever a água, Lisboa, Edições Colibri, 2018, p. 77.

E o que é mais importante, o amor, nasce e morre sozinho

Fernando Pinto do Amaral in RIBEIRO, Rui Casal, Escrever a água, Lisboa, Edições Colibri, 2018, p. 41.

Beijo

Esse teu beijo

Húmido e saboroso 

que me enlouquece...

Por mais inesperado

E rápido que seja!

Evoluí

Já não fugi

E adorei repetir

A perdição está se a aproximar 

Já não é de amuralhar

Basta travessar


Xpto 


quarta-feira, 9 de abril de 2025

Vilancete

Teus olhos deste: não queiras

Outra esperança, outras maneiras 

Do amor buscado e perdido.


Olhando os corpos que passam,

olhando os olhos num lance

Em busca de outro relance

Da mesma sede... Não queiras

Prender-te aos gestos que façam.

Teus olhos deste: não queiras.


Logo depois é mais tarde,

Na sede sempre mais louca,

Nenhuma imagem não arde,

Todas se esfumam ligeiras,

Nada lembras... e é tão pouca

Outra esperança... outras maneiras!


Olhando os olhos num lance,

A vida entregas, vencido,

Em busca de outro relance

Do amor buscado e perdido.


SENA, Jorge de, Post-Scriptum, Porto, Assírio e Alvim, 2023, p. 35.

sábado, 5 de abril de 2025

A viagem das gravatas




 Exposição de Maria José Paixão na Biblioteca Pública de Évora 

Tempo

Tempo

O arquitecto do acaso.


GUIMARÃES, João Luís Barreto, Movimento, Lisboa, Quetzal, 2020, p. 13.


quinta-feira, 3 de abril de 2025

A morte ninguém quer, ninguém quer renascer

MOURA, Vasco Graça, O Poema sobre o desastre de Lisboa de Voltaire, Lisboa, Aleteia Editores, 2005.

terça-feira, 1 de abril de 2025

O silêncio sempre tem sido o meu grito mais alto

LOVELACE, Amanda, Aqui a princesa salva-se sozinha, Alfragide, Oficina do Livro, 2019, p. 42.

A História, a Verdade e a Escravatura

(...) a História não tem que ver  com opções políticas, não tem que ver com preto ou branco, mas sim com a  verdade. É  isso que os historiadores prezam (ou deviam prezar). E a verdade é que a história da escravatura foi feita sobretudo por brancos.

MARQUES, João Pedro, Combates pela verdade - Portugal e os escravos, Lisboa, Guerra e Paz, 2020, p.187.

Um livro

Passarei por todos, até pelos que não li (sobretudo por esses) e direi, fechando os olhos como um livro

Que vou finalmente meditar no silêncio 

No silêncio, que só vocês, livros me ensinaram.


TORRADO, António, Das coisas interiores, Lisboa, Glaciar, 2022, p. 228.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Real - ilusão

Antes que o Tempo fosse

De dentro d'alma reinei

Numa vida antiga e doce.

Antes que o Tempo fosse 

Vivi sem dor e amei.


Não sei a que forma vaga

Prendi esse meu amor.

Sei que ainda me embriaga

Remota imagem e vaga

Que vive na minha dor.


Recordo um sonho sonhado?

É sonho a recordação?

Não sei, ao meu ser cansado

Que importa o que foi sonhado,

Se o próprio real é ilusão?


PESSOA, Fernando, Poemas esotéricos, Porto, Assírio e Alvim, 2020, p. 17.

sábado, 22 de março de 2025

Temos de ter


Temos de ter
Uma política de revolução 
A liberdade não pode existir
Enquanto os mais desprotegidos não forem livres 


KAUR, Rupi, Corpo casa, Alfragide, Lua de Papel, 2021, p. 144.

Mar a tocar a linha


 Linha do Estoril

sexta-feira, 21 de março de 2025

quinta-feira, 20 de março de 2025

Casa posta

Casa posta!

Casa porque casando sempre fica a vida mais arrumadinha,

E posta porque também da pescada é a posta que melhor cabe no congelador,

Casa posta.

E às vezes somos casa bem-posta.

E quando assim é

Ficamos bem dispostas.


Procura casa?


Por acaso. É cara?


Minha cara,


É que precisamos mesmo

de ser preenchidas pelas criaturas 

porque são elas que nos aguentam em pé

A fumar cachimbo pela chaminé.


CALDAS, Miguel Castro, Casas, Lisboa, Artistas Unidos, 2007, p. 45.

quarta-feira, 19 de março de 2025

Feliz Dia do Pai


(E especialmente ao meu que está no Céu,  ao lado de São José)

 Igreja de São Francisco de Évora 

domingo, 16 de março de 2025

É difícil...

É difícil guardar o coração inteiro.

É difícil não ser amado.

É difícil estar só.

É difícil espe-rar!

É aguentar e aguardar e a-guardar ainda

E sempre!

E eis-me nesta hora do meio-dia em que se vê tanto o que está tão perto, tão perto,

Que nada mais se vê! 



CLAUDEL, Paul, Partir a meio dia, Lisboa, Artistas Unidos, 2019, p. 36

Eu não estou a viver o momento,

Eu não estou a viver o momento, 

Pertence ao passado, está escrito. 


CALDAS, Miguel Castro, Comida,Lisboa, Artistas Unidos, 2008, p. 13.

quinta-feira, 13 de março de 2025

EU


Eu sou o outro - Gérard de Nerval
Je, est un autre - Rimbaud

Eu não sou eu
Eu não nasci ainda!
Teixeira de Pascoaes

Ah, poder ser tu, sendo eu!  - Fernando Pessoa

Eu não sou eu nem o outro - Mário de Sá Carneiro 


Não há  na terra um único ser humano capaz de declarar, com toda a certeza, quem é. Ninguém sabe o que veio fazer a este mundo, a que correspondem os seus actos, os seus sentimentos, as suas ideias, nem qual é o seu nome verdadeiro.
León Bloy, citado por Borges


CESARINY, Mário, As mãos na água, a cabeça no mar, Porto, Assírio e Alvim, 2015, p. 59

Para quem não é nada, como um rio, o correr deve ser vida

Bernardo Soares, PESSOA, Fernando, Tenho medo de partir - um livro de viagens, Lisboa, Guerra e Paz, 2018, p. 156


Regas


 Jardim Público de Évora 

O que é a sorte?

 A sorte é uma árvore da borracha sempre pronta a vingar e crescer!

CLAUDEL, Paul, Partir a meio dia, Lisboa, Artistas Unidos - Cotovia,2019, p. 21.

quarta-feira, 12 de março de 2025

domingo, 9 de março de 2025

Choco frito


 Tradição gastronómica setubalense

Restaurante Mar Azul 2, Praça do Quebedo

sábado, 8 de março de 2025

Isis, signo feminino do 'sol que brilha oculto diante dos nossos olhos'

CESARINY, Mário, As mãos na água, a cabeça no mar, Porto, Assírio e Alvim, p. 58.

Mulheres em luta, hoje e sempre




Manifestação Nacional do Dia Internacional das Mulheres em Évora

Onde o que chamou mais a aatenção não foi a presença feminina, mas sim a masculina com a presença do anterior, do presente e do futuro? presidente CDU à câmara de Évora