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Portimão |
Não sei o que hei-de fazer com as nuvens.
O que me dizem são passagens rápidas
Sobre as cidades, e às vezes deixam chuva
Outras, sombras na paisagem.
JORGE, Lídia, O Livro das tréguas, Lisboa, Edições D. Quixote, 2019, p. 18.
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Portimão |
Não sei o que hei-de fazer com as nuvens.
O que me dizem são passagens rápidas
Sobre as cidades, e às vezes deixam chuva
Outras, sombras na paisagem.
JORGE, Lídia, O Livro das tréguas, Lisboa, Edições D. Quixote, 2019, p. 18.
Somente o olhar um pouco profundo
Deixando apenas decifrar nas suas formas
O pardo movimento da sua quietude
pulsam a vida viva contra o coração da casa
respirando o ar do coração do mundo
invadem-nos os sonhos noite adentro
e como pequeninos deuses desocupados
constroem-nos palavras na boca até amanhecer:
As que nunca diremos pela manhã
ensinam-nos a arte do silêncio
e da gratidão.
RIBEIRO, Rui Casal, Escrever a água, Lisboa, Edições Colibri, 2018, p. 77.
Fernando Pinto do Amaral in RIBEIRO, Rui Casal, Escrever a água, Lisboa, Edições Colibri, 2018, p. 41.
Esse teu beijo
Húmido e saboroso
que me enlouquece...
Por mais inesperado
E rápido que seja!
Evoluí
Já não fugi
E adorei repetir
A perdição está se a aproximar
Já não é de amuralhar
Basta travessar
Xpto
Teus olhos deste: não queiras
Outra esperança, outras maneiras
Do amor buscado e perdido.
Olhando os corpos que passam,
olhando os olhos num lance
Em busca de outro relance
Da mesma sede... Não queiras
Prender-te aos gestos que façam.
Teus olhos deste: não queiras.
Logo depois é mais tarde,
Na sede sempre mais louca,
Nenhuma imagem não arde,
Todas se esfumam ligeiras,
Nada lembras... e é tão pouca
Outra esperança... outras maneiras!
Olhando os olhos num lance,
A vida entregas, vencido,
Em busca de outro relance
Do amor buscado e perdido.
SENA, Jorge de, Post-Scriptum, Porto, Assírio e Alvim, 2023, p. 35.
Tempo
O arquitecto do acaso.
GUIMARÃES, João Luís Barreto, Movimento, Lisboa, Quetzal, 2020, p. 13.
MOURA, Vasco Graça, O Poema sobre o desastre de Lisboa de Voltaire, Lisboa, Aleteia Editores, 2005.
LOVELACE, Amanda, Aqui a princesa salva-se sozinha, Alfragide, Oficina do Livro, 2019, p. 42.
(...) a História não tem que ver com opções políticas, não tem que ver com preto ou branco, mas sim com a verdade. É isso que os historiadores prezam (ou deviam prezar). E a verdade é que a história da escravatura foi feita sobretudo por brancos.
MARQUES, João Pedro, Combates pela verdade - Portugal e os escravos, Lisboa, Guerra e Paz, 2020, p.187.
Passarei por todos, até pelos que não li (sobretudo por esses) e direi, fechando os olhos como um livro
Que vou finalmente meditar no silêncio
No silêncio, que só vocês, livros me ensinaram.
Antes que o Tempo fosse
De dentro d'alma reinei
Numa vida antiga e doce.
Antes que o Tempo fosse
Vivi sem dor e amei.
Não sei a que forma vaga
Prendi esse meu amor.
Sei que ainda me embriaga
Remota imagem e vaga
Que vive na minha dor.
Recordo um sonho sonhado?
É sonho a recordação?
Não sei, ao meu ser cansado
Que importa o que foi sonhado,
Se o próprio real é ilusão?
PESSOA, Fernando, Poemas esotéricos, Porto, Assírio e Alvim, 2020, p. 17.
Casa posta!
Casa porque casando sempre fica a vida mais arrumadinha,
E posta porque também da pescada é a posta que melhor cabe no congelador,
Casa posta.
E às vezes somos casa bem-posta.
E quando assim é
Ficamos bem dispostas.
Procura casa?
Por acaso. É cara?
Minha cara,
É que precisamos mesmo
de ser preenchidas pelas criaturas
porque são elas que nos aguentam em pé
A fumar cachimbo pela chaminé.
CALDAS, Miguel Castro, Casas, Lisboa, Artistas Unidos, 2007, p. 45.
É difícil guardar o coração inteiro.
É difícil não ser amado.
É difícil estar só.
É difícil espe-rar!
É aguentar e aguardar e a-guardar ainda
E sempre!
E eis-me nesta hora do meio-dia em que se vê tanto o que está tão perto, tão perto,
Que nada mais se vê!
CLAUDEL, Paul, Partir a meio dia, Lisboa, Artistas Unidos, 2019, p. 36
Eu não estou a viver o momento,
Pertence ao passado, está escrito.
CALDAS, Miguel Castro, Comida,Lisboa, Artistas Unidos, 2008, p. 13.
CESARINY, Mário, As mãos na água, a cabeça no mar, Porto, Assírio e Alvim, 2015, p. 59
Bernardo Soares, PESSOA, Fernando, Tenho medo de partir - um livro de viagens, Lisboa, Guerra e Paz, 2018, p. 156
A sorte é uma árvore da borracha sempre pronta a vingar e crescer!
CLAUDEL, Paul, Partir a meio dia, Lisboa, Artistas Unidos - Cotovia,2019, p. 21.
Viver por viver
Comer por comer
Ler por ler
Por só apetecer Chorar
Tenho uma grande tristeza dentro de mim
Parece que nunca saberei o significado do sim
O meu corpo é Caim
Quando chegará o meu fim?
CESARINY, Mário, As mãos na água, a cabeça no mar, Porto, Assírio e Alvim, p. 58.
Onde o que chamou mais a aatenção não foi a presença feminina, mas sim a masculina com a presença do anterior, do presente e do futuro? presidente CDU à câmara de Évora