sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Hora deliciosa



Na vida monótona e pura das raparigas, chega sempre uma hora deliciosa em que o sol lhes penetra na alma com os seus raios, em que uma flor lhes inspira pensamentos, em que as palpitações do coração comunicam ao cérebro a sua fecundação ardente, e fundem as ideias num desejo vago; dia de tristezas inocentes e de suaves enlevos! Quando as crianças começam a ver, sorriem; quando uma rapariga entrevê o sentimento da Natureza, sorri como em criança. Se a luz é o primeiro amor da vida, o amor não será a luz do coração?

BALZAC, Honoré de, Eugénia Grandet, Lisboa, Editorial Verbo, p. 57.

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