domingo, 2 de março de 2014

Interior da Igeja Matriz da Golegã


A igreja é um vasto edifício, constituído por um corpo de três naves. A estrutura do edifício revela fortes influências dos templos característicos do gótico mendicante, nomeadamente no que diz respeito à cobertura das naves em madeira, à cobertura abobadada da cabeceira, à existência de clerestório e à altura diferenciada das naves.

A fachada principal, de empena de bico, encontra-se hoje assimétrica em relação à primitiva organização tripartida, devido à torre sineira quadrangular adossada ao lado sul. A torre encontra-se organizada em registos separados por cornijas de mísulas, terminando num elevado coruchéu prismático, elemento que foi reintegrado no restauro do monumento na década de 40 do século XX. A fachada principal é composta por três panos, divididos por contrafortes de andares, rematados em pináculos decorados. Junto ao óculo, figuram as armas manuelinas e a esfera armilar.

A frontaria enquadra um magnífico pórtico manuelino, que apresenta arcos policêntricos bordados de cairéis, e está enquadrado numa composição rectangular, delimitando um alfiz, sendo ladeado por dois gigantes torsos, rematados por pináculos. Um renque de motivos estilizados (alcachofras) sobrepuja a série de cruzes de Cristo e fitas onduladas do tímpano, que é enquadrado por um nicho rendado que alberga uma imagem de pedra, representando a Virgem. O frontão é rompido por dois botaréus de cunho gótico, decorados de cogulhos. Nas bases das ombreiras do portal, admiram-se duas cartelas seguras por anjos, com uma inscrição em gótico. Na base de um dos pés da ombreira direita, está embutido um dragão, de influência oriental.

As paredes laterais são rasgadas por janelas, algumas delas em arco polilobado com decoração de rosetas e pares de volutas, inferiormente rematados por feixes de romãs. Os remates destas paredes são em cornija denteada sob beiral. A cabeceira apresenta contrafortes de andares na ligação com o corpo da igreja, a meio dos panos laterais e nos cunhais, sendo estes últimos rematados por pináculos decorados com pequenos cogulhos. O pano da abside é rasado por uma janela em arco pleno, de dois lumes divididos em cruz. O corpo da sacristia adossa-se a poente.

O interior revela a pura traça manuelina dos princípios de quinhentos, sendo constituído por três naves de cinco tramos, de arcaria ogival irrompendo dos pilares formados por quatro colunas enfaixadas. Estes pilares apresentam capitéis decorados com troncos entrançados, enquanto que as paredes contêm mísulas com decoração de troncos enrolados e rosetas. A nave central é iluminada pelo clerestório, composto por duas janelas em arco pleno da cada lado. À entrada do templo, admira-se um lanço de escadaria com troncos entrançados. O púlpito é de cálice circular bem lavrado e tem cartelas legendadas em gótico, ostentando o pequeno fuste uma rendada fita anelar.
 
O arco do triunfo, quebrado com um pequeno conopial no fecho, é formado por várias arquivoltas, uma das quais de toros enroscados com folhagem e bagas. As bases são facetadas com anéis assentes em plintos, quadrangulares, cujos vértices são esculpidos com pequenas volutas e com uma figura animal deitada, à direita, e uma flor, à esquerda. As colunas são rematadas por capitéis esculpidos com elementos vegetalistas, admirando-se um tronco de videira com cachos de uvas e um caule de aboboreira florido. O arco é ladeado por dois altares, colocados sobre plataformas de degraus com mesas revestidas de azulejos hispano-árabes de aresta, sendo a parede de fundo revestida com azulejos enxaquetados verdes e brancos, encimados por mísulas.

O arco triunfal dá acesso à capela-mor, cuja cobertura é de abóbada de nervuras, artesoada e estrelada, com fechos decorados com bocetes vegetalistas. Esta abóbada apoia em meias-colunas, com capitéis igualmente vegetalistas. As paredes laterais da capela-mor são forradas por azulejos setecentistas azuis e brancos, figurando O Lava-Pés, A Última Ceia e Os Evangelistas. A parede do fundo é revestida por um painel, também de azulejos azuis e brancos, no qual figura A Visão de Santa Rita. Esta composição resultou de uma readaptação de parte de um painel proveniente da Igreja da Graça de Santarém. O altar, sobre plataforma, é revestido por azulejos hispano-árabes de aresta. Do lado da epístola, sobre uma mísula de troncos e rosetas, está colocada uma imagem setecentista de madeira, representado o orago. O templo alberga ainda uma escultura de pedra do século XVI, representando S. Miguel Arcanjo. Do lado do evangelho, abre-se uma janela em arco pleno mainelado, dividido ao meio, cuja arquivolta é decorada com um entrançado de troncos. No pavimento da capela-mor, encontram-se colocadas duas tampas de sepultura epigrafadas. Na sacristia, é possível admirar um lavabo de pedra e um painel de azulejos azuis e brancos, com letreiro.

Fonte: Wikipédia

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