Sabes, há quem pense que o vento diz coisas... É muito mais poderoso do que isso. Claro que tem uma voz, mas o seu código é tão difícil de compreender que as palavras humanas não o decifram...
As propriedades de que te estou a falar são outras. Sabes... é que, além de silenciar a mente, de a deixar descansadinha e contente por só lhe sobrar espaço para escutar as suas rajadas, ela entra em jeito de redemoinho pelo teu corpo, limpando e absorvendo pos espíritos maus. Retira-os imperceptivelmente e, uma vez ao ar, seguem o seu rumo para outros corpos, agora celestes, diluindo-se até que desapareçam por completo, sem qualquer possibilidade de te voltarem a habitar.
OCHOA, Raquel, O vento dos outros, Queluz de Baixo, Marcador Editora, 2012, p. 195.
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