domingo, 25 de julho de 2021

Ligar ou não a coincidências

Não ligo muito a coincidências. Há nelas algo de fantasmagórico: por um momento sentimos o que deve ser viver num universo ordenado, governado por Deus, com Ele próprio a olhar-nos sobre o ombro e a mostrar solicitamente sinais grosseiros de um plano cósmico. Prefiro sentir que as coisas são caóticas, independentes, permanente e temporariamente loucas, sentir a certeza da ignorância humana, da sua brutalidade, da sua loucura.

BARNES, Julian, O papagaio de Flaubert, Lisboa, Quetzal, 2019, p. 83.


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