terça-feira, 31 de agosto de 2021

Históricas ausências

 Faltar-me-ias tanto. Muito e tanto

como tarde de súbito a fugir

em direcção à noite. Corte tão

cheio de pagens e papoulas,

de canela e marfim.


Tudo sem ti, porém. Tudo sem ti.

(E repetir o verso faz-me bem

- consolo de quem tem o que

não há, ou seja: tu). Faltas-me em

sobressalto e em granito de

estátua que não está


                                e cujo corpo

                                nem sequer vi

                                nu.

 

(dedico este poema ao meu quase amigo P)

 

 AMARAL, Ana Luísa, Imagias, Gótica, Viseu, 2002, p.72

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