quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Hortense das Dores Parrinha (1903-2009)

Para mim a Hortense mais importante do mundo foi a minha avó, a melhor avó do mundo! Hoje, dia do seu aniversário presto-lhe aqui uma singela homenagem a quem me marcou muito na minha vida e cujas saudades não páram de aumentar... Escrevo assim um pequeno resumo da longa vida desta mulher carinhosa e inteligente!
Desde pequena que a história de vida da minha avó me encanta, porque viveu a queda da monarquia, contando muitas histórias sobre o Sidónio Pais e do Afonso Costa, a chegada de Sacadura Cabral a Lisboa, após a primeira travessia aérea do atlântico (chegada que presenciou na primeira pessoa), da I Guerra Mundial, da Guerra Civil de Espanha e do Salazarismo... Talvez tenha sido daí o meu gosto pela História!

Fonte de história viva, a vida da minha avó foi bastante dura. Natural de Beja, deixou a casa dos pais aos 6 anos para ir servir a Lisboa e o facto de estar 2 anos sem ver a mãe e de ter passado fome, tornou-a forte, mas nunca amarga. Não teve a educação que merecia por não ter posses de ir à escola. No entanto, sabia sempre todas as notícias, porque quando era nova juntava-se com outros, numa grande roda a ouvir uma pessoa a ler as notícias para todos.


Trabalhou sempre em casa, gerindo-a com o ordenado do marido, guarda da GNR que devido à sua profisssão obrigou toda a família a mudar várias vezes de terra por todo o Alentejo. Criou 5 filhos, aos 70 ficou viúva, mas em 106 primaveras assistiu ao crescimento da família: 11 netos e 15 bisnetos! E por ter resistido tantos anos até ganhou uma medalha por ser a sócia mais velha da GNR.

Com a idade veio a doença e a agilidade foi-se perdendo enquanto a arterosclorose vencia, mas esteve sempre lúcida até aos 106 anos e eu fui uma neta privilegiada porque morei com a minha avó ao longos dos últimos 15 anos. Apesar da doença e de cada vez mais cuidados necessários no seu dia-a-dia, cuidei sempre da minha avó linda com muito orgulho! Para mim, a sua qualidade de vida tinha de estar em primeiro lugar.

Mimei-a sempre muito porque a minha avó é e será sempre uma grande senhora! É por isso que considero que a minha maior herança é o seu nome, Hortense!

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