A cidade esbracejava, toda ela um corpo compacto de gente. A passagem das carruagens foi feita com lentidão devido à multidão presente nas ruas, sendo o o seu andamento completamente travado no momento em que o cortejo passava pela Rua da Selaria. Comprimido nas bermas da rua, o povo debruçava-se avidamente para conseguir distinguir, pela orientação das fogueiras dos sambenitos, os relaxados, que iriam ser queimados, dos simples penitenciados. Uma agitação que tomava foros de loucura levava aquela gente a gritar toda a espécie de insultos, atirando fruta e ovos podres para cima dos impenitentes. (...) empurrados por uma torrente de gente, interessada em chegar o mais perto possível da Fonte da Prata, onde haviam sido amontoadas as pilhas de lenha para as fogueiras
SILVA, Ana Cristina, As fogueiras da Inquisição, Editorial Presença, 2008, pp. 111-114.
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