segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O tempo corre


O tempo corre. Graças a ele, em primeiro lugar, somos seres vivos, o que quer dizer: acusados e julgados. Depois, morremos, e permanecemos ainda alguns anos com aqueles que nos conheceram, mas depressa se produz uma outra mudança: os mortos tornam-se velhos mortos, ninguém mais se lembra deles e desaparecem no nada; só alguns, muito muito raros, deixam os seus nomes nas memórias mas, privados de qualquer testemunha autêntica, de qualquer lembrança real, transformam-se em marionetas... 

KUNDERA, Milan, A Festa da Insignificância, Alfragide, D. Quixote, 2014,p. 36.


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