A minha única honestidade agora devia ser conservar-me cativa daquele sentimento. A minha única absolvição estava na verdade da minha paixão. Quanto mais me separasse do mundo e me desse ao meu amor, mais me aproximava da dignidade. Nas situações definidas e corajosas há sempre um lado honesto; o que repugna ao instinto casto são as conciliações hipócritas. A posição que me restava, o dever que me restava, a virtude que me restava, era ser de Rytmel, só dele e para sempre; e eu sentia que ele se ia lentamente afastando de mim como eu me afastava de meu marido.
QUEIRÓS, Eça de, ORTIGÃO, Ramalho, O Mistério da estrada de Sintra, Lisboa, Biblioteca de Editores Independentes, 2010, pp. 241-242.
Sem comentários:
Enviar um comentário