Nada me emociona tanto como um oceano de terra estreme, austero e vil. A
palmilhar aqueles montados desmedidos, sinto-me mais perto de Portugal do
que no castelo de Guimarães. Tenho a sensação de conquistar a pátria de novo e
de a merecer.... a terra alentejana pode contemplar-se ainda no estado
original, virgem, exposta e aberta. E é nela que encho a alma e afundo os pés,
num encontro da raiz com o húmus da origem. Abraço numa ternura primária as
léguas e léguas duma argila que permanece disponível mesmo quando tudo parece
semeado. O corpo, ali, pode ainda tocar o barro de que Deus o criou.
Mais do que fruir a directa emoção dum lúdico passeio, quem percorre o Alentejo tem de meditar.
Mais do que fruir a directa emoção dum lúdico passeio, quem percorre o Alentejo tem de meditar.
TORGA, Miguel, Portugal, Alfragide, 10.ª edição, Leya, 2015, pp. 84-85.
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