sábado, 11 de dezembro de 2021

Algarve em poesia



 

Da Foz do Guadiana à Vila do Infante,

Das Caldas de Monchique à raia de Alcoutim,

A luz, como um pintor cubista e delirante

Lança em tela ideal a graça de um jardim.

 

E à terna orquestração de cigarras e ninhos

Respondem, a gemer, em nostalgia breve,

Branquinhas, a rolar, as velas dos moinhos

Que são mocinhas tontas, de cabeça leve…

 

E as cidades em festa, as vilas, as aladeias!

Feiras e procissões, foguetes, bailaricos!

Alegrias pagãs, risos! Estardas cheias

De Sol, e montanheiras lindas em burricos!

 

Olha Lagos mirando o espelho da Baía!

Portimão trabalhando, e ali só a dois passos,

A Rocha, ardendo ao rubro em rara pedraria,

Enquanto Olhão, de bioco, acena dos terraços!.


BRAZ, João, Esta riqueza que o senhor me deu – Poemas, s.l., 2.ª edição, Edição do Autor, 1978, p. 65.

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