sexta-feira, 10 de março de 2023

Soneto de Amor

Não me peças palavras, nem baladas,

Nem expressões, nem alma...  Abre-me o seio,

Deixa cair as pálpebras pesadas,

E entre os seios me apertes sem receio.


Na tua boca sob a minha, ao meio,

Nossas línguas se busquem, desvairadas...

E que os meus flancos nus vibrem no enleio

Das tuas pernas ágeis e delgadas.


E em duas bocas uma língua...; - unidos,

Nós trocaremos beijos e gemidos,

Sentindo o nosso sangue misturar-se.


Depois... - abre os teus olhos, minha amada!

Enterra-os bem nos meus; não digas nada...

Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!


RÉGIO, José, Biografia, 6.ª edição, Guimarães, Ópera Omnia,2020, p.50

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