segunda-feira, 4 de julho de 2011

Mar de Florbela Espanca



Eu queria ser o Mar ingente e forte

O mar enorme, a vastidão imensa...

Eu queria ser a árvore que não pensa

Que ri do mundo vão e até da morte...

Eu queria ser o Sol, irmão do Mar
O bem do que é humildae e pobrezinho...
Eu queria ser a pedra do caminho
Que não sofre a tortura do pensar...

Mas o Mar também chora de tristeza,
E a árvore também como quem reza
Levanta aos céus os braços como um crente!

E o Sol cheio de mágoa ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia,
E as pedras, essas, pisa-as toda a gente...

Florbela Espanca

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