Em Portugal a crise estava instalada. Os nossos políticos eram verdadeiros palhaços, que podiam com vantagem substituir os meus avós no circo e, ao invés do que apregoavam, eram imbuídos de uma insensibilidade inaudita.
Assistíamos à permanente diarreia mental, à permanente auto-bajulação desta classe pérfida que nos (des)governava e à corrupção descarada. Os noticiários lançam sobre nós oceanos de tormentas e infindáveis incertezas. A imprensa escrita já não informa: agride, manipula, fazendo chegar até nós as coisas mortas e apodrecidas. Ainda assim, tudo parecia melhor comparado com o passado de nossos pais. Tínhamos liberdade: e só um esquecimento comatosos de ingratidão poderia afirmar o contrário.
RUIVO, Alice, Passei, parei, deixei-te um beijo, Porto, Seda Editora, 2014, p. 149.
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