Contente vivia em casa de meus pais, na minha cidade natal à beira-mar. Não tinha ocupação que me divertisse o espírito dos enleios naturais da imaginação feliz dos adolescentes; nem viera o amor ainda, com a sua alegria mal contente, turvar a limpidez da minha vida. Eu vivia mais contente do que alegre, sem mais recordações do passado, tristezas do presente, ou dúvidas do futuro. A minha infância havia decorrido sã e natural. A minha adolescência passava-se sem estremeções.
PESSOA, Fernando, O peregrino, O mendigo e outros contos, Porto, Assírio e Alvim, 2012, p. 67.
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