quarta-feira, 28 de maio de 2025

Uma porta, um rosto




Ilhas, Arraiolos 


Há uma porta que se abre a meio do poema

Para sair e amar e não a sei


Por isso morre o poema chegado o fim do verso

em que o teu rosto se fechou a meio do poema 


que chave para essa porta abrindo a manhã do mundo?


abre-se no verso uma janela e o poema respira

Abre-se no amor uma porta e o poema expande-se


soubesse eu a sílaba que abre o teu rosto à luz

e o labiríntico poema teria um fim


mas no perdido verso fecha-se o teu nome

e comigo dentro o poema morre.

RIBEIRO, Rui Casal, Escrever a água, Lisboa, Edições Colibri, 2018, p. 73.


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