A vida humana é um sonho, outros o disseram antes de mim, mas esta ideia
segue-me por toda a parte. Quando penso nos estreitos limites que circunscrevem
as faculdades do homem, a sua actividade e a sua inteligência, quando vejo que
esgotamos todas as nossas forças em satisfazer necessidades e que essas
necessidades apenas tendem a prolongar a nosssa existência miserável, que a
nossa tranquilidade a respeito de muitas questões não passa de uma resignação
fundada em reservas, semelhante à dos prisioneiros que tivessem coberto com
variadas pinturas e perspectivas risonhas as grades da sua prisão; ora tudo
isto, meu amigo, me torna mudo. Meto-me dentro de mim e encontro aí um mundo,
mas antes em pressentimentos e em desejos sombrios que em realidades e acções,
e então tudo vacila ante mim, e sorrio, e penetro mais no universo sempre a
sonhar.
GOETHE, J. W., Werther, Editorial Verbo, Lisboa, s.d., p. 16.
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