sexta-feira, 22 de maio de 2015

Na cidade das alcunhas...

Na cidade das alcunhas, onde não existiam registos e identidade, tal como ainda hoje, à qual chegava gente vinda de todos os cantos do Reino, os infelizes ditos desconhecidos eram embrulhados na serapilheira da Santa Casa e despejados na vala comum. Esses, que nem direito a uma alcunha conseguiram conquistar, morriam clandestinos, sem reconhecimentos da sua existência. Não tinham nome, nem eram gente. Não passavam de carcaças com menor reconhecimento do que o gado abatido no matadouro das Picoas.

FLORES, Francisco Moita, Segredos de Amor e Sangue, Alfragide, Casa das Letras, 2.ª edição, 2014, p. 207.

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